Colunista VAM Bárbara Darwiche
Quando falamos em grandes nomes da gastronomia, facilmente nos vem em mente figuras como Alex Atala, Jeferson Rueda, Ferran Adrià, Paul Bocuse, e por ai vai.
É uma infinidade de nomes que marcaram e ainda marcam o cenário gastronômico nacional e internacional, com uma representatividade masculina muito forte. E apesar de ser um cenário que as mulheres vêm ganhando cada vez mais visibilidade e respeito, a predominância é de profissionais do gênero masculino. Isso porque a cozinha profissional, principalmente quando se trata da cozinha quente, é um ambiente extremamente hostil que exige um condicionamento físico e psicológico gigantescos para aguentar a pressão do dia a dia. Já quando pensamos na cozinha de casa o cenário muda.
As mulheres estão à frente da representatividade e o ambiente é considerado o inverso de uma cozinha profissional.
A cozinha de casa é aquela de afeto, carinho e que alimenta a alma. É uma cozinha que nos deixa mais humanos, que nos traz a memória afetiva tão falada nos realitys de gastronomia, e nos faz mais próximos do amor, normalmente reforçado pela figura feminina de suas mães e avós. E porque esse contraste existe? Uma das maiores razões é a influência do chef e ex-militar Auguste Escoffier (1846-1935), que revolucionou a forma de trabalho da cozinha profissional através do sistema de brigada, que designava a cada profissional um cargo específico em uma divisão de praças. Escoffier dizia que a cozinha profissional era designada apenas para homens, excluindo as mulheres dessa função, mas dizendo que elas deveriam exercer a tarefa de alimentar suas casas e famílias.
Podemos citar também que a partir do sedentarismo dos primeiros hominídeos o homem tinha como função prover alimento através da caça, e a mulher preparar esse alimento e cuidar de atividades consideradas mais leves, como plantar e colher. Sem dúvida uma marca de milhões de anos enraizada em nossa cultura até os dias atuais, seja no mundo ocidental ou oriental.
De uma visão geral podemos afirmar que as mulheres são associadas a uma fragilidade que a induz para a cozinha de casa, e os homens à força que necessita uma cozinha profissional. Contudo, vemos grandes progressos na ascensão masculina dentro da cozinha amadora. Eles estão cada vez mais próximos e interessados na gastronomia de um modo geral, e são predominância em cursos de churrasco, charcutaria, hambúrguer e cerveja, possibilitando novas formas de abordagem e didática, trazendo inovação e abraçando de uma forma muito amiga àqueles que querem se familiarizar mais nesse meio. Podemos citar as aulas de churrasco ministradas pelo açougue Bom Beef, a comando do açougueiro e especialista em cortes especiais Netão, que ministra seus cursos de forma clara, objetiva e inovadora, pois além de toda a didática do curso, ainda disponibiliza cerveja, água e refrigerante à vontade.
Nas redes sociais, vemos no Instagram o ex-Masterchef amadores, e vice-campeão do programa Raul Lemos, que posta quase que diariamente dicas de como cozinhar de forma descomplicada nos seus stories. No YouTube existem vários canais masculinos em destaque:
1- Ana Maria Brogui – Caio Novaes foi o pioneiro no YouTube nesse segmento, seu canal foi fundado em 2006 e ensina tudo que o homem moderno precisa a saber de uma forma descontraída e bem humorada. 2- Netão Bom Beef – o nome do canal já é explicativo, o açougueiro Netão nos ensina de uma forma simples e prática os segredos do bom churrasco. 3- Mohamad Hindi – ex participante do Masterchef amadores, Mohamad tem uma pegada mais moderna e despojada, com uma cozinha democrática e prática.
Se você não se sente confiante na cozinha, essa receita é para você!
Vamos te ensinar a preparar um jantar simples, barato e delicioso!
Gnocchi ao Pomodoro
Gnocchi: 500g de batata Asterix 60g de parmesão ralado 130g de farinha de trigo ½ gema de ovo Sal a gosto
Modo de preparo: 1. Descasque as batatas e coloque-as em uma panela com água fria e leve ao fogo para cozinhar. 2. Após cozidas, amasse-as e espere esfriar. 3. Quando o purê estiver frio, adicione a gema, o queijo parmesão ralado, o sal e dê o ponto com a farinha de trigo. 4. Faça um cilindro com a massa do gnocchi e corte-os. 5. Cozinhe em água fervente até que as bolinhas subam.
Salsa ao Pomodoro: 600g de tomate italiano maduro 60g de cebola 10ml de azeite extra virgem 4 folhas grandes de manjericão (ou 8 pequenas) Sal a gosto
Modo de preparo: 1. Retire o talo e as sementes do tomate e corte-o em cubos. 2. Refogue a cebola no azeite e adicione o tomate em cubos e deixe cozinhar em fogo baixo coberto com tampa, mexendo-os de vez em quando. 3. Depois que estiverem bem cozidos, passe por uma peneira e retorne o molho ao fogo para que atinja a consistência desejada. 4. Tempere com sal e pimenta a gosto e adicione as folhas de manjericão.
OBS: Se desejar um molho mais rústico, não passe na peneira, preserve os pedaços de tomate no molho.
Montagem: 1. Após o molho pronto, cozinhe o gnocchi e após cozido adicione-o na panela do molho. 2. Deixe incorporar bem e sirva em um prato fundo com queijo parmesão ralado e folha de manjericão.
OBS: Outra dica é gratinar esse gnocchi. Após cozido e o molho pronto, coloque-o sobre uma assadeira e cubra com bastante mussarela ralada. Deixe gratinar no forno em potência máxima até o queijo derreter e formar aquela crostinha deliciosa.
Harmonização: Nada melhor do que vinhos regionais com comidas regionais, e se o assunto é gnocchi e molho de tomate nada melhor para acompanhar do que um Chianti, que é o casamento perfeito. Você encontra o Chianti na ala de vinhos italianos com muita facilidade, e seus preços podem variar de R$45,00 a R$180,00 a garrafa nas grandes redes varejistas. Em importadoras esse valor pode subir significativamente com rótulos mais sofisticados e exclusivos.
Foto 1: sistema de brigada criado por Auguste Escoffier
Foto 2: Gnocchi empratado
Foto 3: Gnocchi gratinado
Alex Atala
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