Entrevista com Cassia Cipriano e a artista plástica Joana Brum Brasil
A marca Cassia Cipriano nasceu de uma vontade de criar algo novo, um flerte com a chapelaria, uma nomenclatura que, por si só, já soa charmosa. Nesta conversa de hoje, vamos conhecer esse namoro entre a arte e a chapelaria. O que acham? Buscando um novo espaço para a chapelaria no Brasil, Cassia traz em sua trajetória na moda um movimento de pesquisa com matérias-primas brasileiras, como a juta e o algodão, resgatando a chapelaria artesanal.
Hoje, falaremos sobre o encontro entre a pintora Joana Brum e a chapeleira Cassia Cipriano, que se conectaram para uma colaboração na série de chapéus assinados.
Na coleção, intitulada Cadência, encontramos 8 peças únicas, disponíveis na loja da marca, localizada no icônico edifício Copan, no centro de São Paulo. Joana conta sobre o início de sua carreira como artista, em que, de certa forma, foi contra a vontade da família e deixou a faculdade para se dedicar à arte. Hoje, ela construiu uma trajetória como pintora, trabalhando com narrativas mais abstratas e composições soltas, e com uma força expressiva na combinação de cores.
Joana:
Quando vou pintar, acabo usando muito a paleta de cores das roupas que estou vestindo no dia. Isso reflete um pouco de como estou me sentindo.
Fabiana:
Como foi pintar os chapéus? Conta sobre como foi trabalhar com esse objeto escultórico que transita do ambiente para o corpo.
Joana:
Amei pintar os chapéus, pois no processo fui entendendo a materialidade do objeto. O maior desafio ao pintar o chapéu é que, quando ele está na parede ou nas mãos, temos uma visão; na nossa cabeça, a percepção é outra, e, conforme a pessoa se movimenta, a imagem se transforma. Isso é algo muito interessante.
Fabiana:
Você já tinha trabalhado com moda?
Joana:
Eu me descobri como artista em uma viagem a Buenos Aires, quando ainda cursava faculdade de design de produto. Quando voltei, contei para minha mãe que queria ser artista. Foi um choque para a minha família. No começo, para sustentar minha vida de artista, eu acordava cedo e me vestia para trabalhar. Arrumava-me e me maquiava para ir ao meu ateliê, que era a minha própria sala. Usei a moda para obter uma certa validação, até da minha própria família. Comecei a pintar minhas roupas, e isso foi curioso, pois, quando eu saía nas ruas com essas roupas pintadas, as pessoas já sabiam que eu era artista.
Fabiana:
Isso fala sobre moda como comportamento. A moda é um reflexo imediato de como você está, e revela muito sobre você. Como surgiu a coleção Cadência?
Cassia: Começamos a conversar sobre chapéus, e nosso encontro se deu nesse amor em comum. Pensamos em expressar ritmo e forma, ou mesmo a leveza desse nosso encontro, e assim surgiu Cadência, esse movimento leve que reflete o que gostamos.
Joana:
Cadência vem muito do universo da música, mas aqui queríamos mostrar uma união, não apenas usar o chapéu como suporte para pintura. Então, deixamos alguns espaços vazios e trouxemos a matéria-prima como parte da pintura. Em duas peças, revisitei uma pintura pequena minha e trouxe recortes dela para o chapéu, o que resultou em algo novo e surpreendente.
Nesse conversa, podemos entender que, ao pensarmos em personalidade, podemos pensar em chapelaria com arte
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