Rayssa Bratillieri, uma atriz em ascensão

Sucesso desde sua participação no elenco de Malhação Vidas Brasileiras onde deu vida a personagem protagonista Pérola, que rendeu a ela o prêmio digital “Melhores do Ano” do Uol e em seguida interpretando Soraia no remake de Éramos Seis, a atriz Rayssa Bratillieri, vem colecionando grandes trabalhos. No teatro desde criança, contabilizando diversas peças em seu currículo, atuou também em três curtas-metragens, produzindo dois deles e criou junto com outros atores, um centro de pesquisa e desenvolvimento de atuação. No auge dos seus 25 anos, engajada não só em cultura, mas também em moda e sustentabilidade, ela comemora o sucesso de seus projetos como o socioambiental “Comecei por Mim” e suas estreias no cinema nacional e internacional. Rayssa será a protagonista do filme “The Modelizer”, filmado em Hong Kong, e par romântico do ator sino-americano Byron Mann. Além de integrar o elenco de “Apaixonada – O Filme” ao lado de Giovanna Antonelli e Danton Mello. Os filmes chegam às telonas ainda este ano. Leia a nossa entrevista exclusiva a seguir com a talentosa Rayssa Bratillieri!

Como foi a experiência de filmar seu primeiro longa internacional? Incrível. Já ouvi dizer que ao longo da vida de uma pessoa, aparecem cerca de cinco grandes oportunidades e cabe a ela agarrar ou não. Sinto que “The Modelizer” é uma dessas grandes cinco oportunidades na minha. Quando fui convidada para o teste, foram três dias intensos de estudo pra apresentar um trabalho digno, mesmo sabendo da possibilidade - por questões de físico ou idade - receber um não. Independentemente, eu queria ter orgulho das cenas que apresentei. Acho que o segredo foi entender onde só eu poderia interpretar aquela personagem e quando soube do sim pra ser a protagonista ao lado de Byron Mann que já havia sido dirigido por Tarantino, comecei um trabalho de estudo e aprofundamento para entregar uma humanidade para além de uma comédia romântica. Não é todo dia que você participa de um filme internacional né? (risos). Filmes são obras de artes e a qualquer momento, qualquer pessoa pode dar novamente um play e meu único desejo é lembrar que dei meu melhor. Estava nervosa com toda novidade atuando em outra língua, em outro país, com outra cultura, mas logo na primeira conversa, o direito Keoni Waxman conhecido por dirigir grande parte dos filmes com Steve Seagal me fez sentir em casa. Elogiou meu teste, disse que amava minha energia e foi um presente contracenar e conhecer artistas do mundo inteiro. Gravamos no meio da pandemia em Hong Kong, lugar que se tornou minha casa por dois meses e que me proporcionou as melhores memórias da minha vida. Ele também me passou muito confiança sobre meu trabalho. O filme vai ser lançado esse ano e estou ansiosa pro Brasil e o mundo conhecerem e se encantarem com essa história linda. Já assisti milhares de vezes o trailer e está impecável!

Como foi ver seu trabalho sendo notícia na imprensa internacional?

Fingi naturalidade quando saiu uma matéria no Deadline(maior portal de notícias de Hollywood) falando sobre “The Modelizer” mas foi muito inspirador, muito mesmo. Parecia que estava falando com minha criança interior: “A gente tá conseguindo realizar nossos sonhos.” Sempre fiz parte das pessoas que vibram por brasileiros que furam a bolha e conseguem fazer coisas que chegam em mais pessoas do mundo todo e quando eu vi, eu também estava fazendo isso. Falei do Brasil, da nossa cultura e dos nossos artistas a todo momento. Gravei minha primeira entrevista em inglês também. Eles me passaram as perguntas que seriam feitas e eu decorei as respostas que queria dar em inglês. É até engraçado lembrar agora. Foi tudo muito desafiador e único.

Me conta da sua estreia no cinema nacional com “Apaixonada O filme”? Meu sonho sempre foi fazer filme nacional. Cinema é um grande veículo de transformação cultural e meu desejo é que possamos ter mais incentivo e apoio brasileiro até mesmo do público. “Apaixonada” é uma adaptação do livro de Cris Souza com uma história apaixonante, literalmente é desbravadora. Com um elenco escolhido a dedo, direção de Natália Warth, o filme me proporcionou mostrar aspectos numa personagem que eu não tinha tido oportunidade até então. Foi incrível receber o convite e participar dessa história sendo filha dos incríveis Giovanna Antonelli e Danton Mello, e ao lado de muita gente talentosa. Giovanna e eu também gravamos na Argentina ao lado de Nicolas Pauls - um grande ator Argentino - que também integra o elenco e se tornou um grande amigo. Para esse trabalho fiz a maior transformação de caracterização para uma personagem até hoje e essas mudanças me deixam muito instigadas à contar uma história.“Apaixonada” estreia dia 8 de junho nos cinemas. Espero vocês por lá apoiando nossa cultura e todo o mercado do audiovisual.

O quanto a caracterização é importante nos seus processos como atriz? Estou sempre aberta a mudar pra contar uma história. Em “Apaixonada”, por exemplo, me questionaram várias vezes se eu estava com medo de raspar a lateral do meu cabelo, mas na verdade aquela mudança estava aflorando e dando voz à aspectos do personagem em mim. E é exatamente isso que eu quero. É de um ganho tremendo! Eu também me vejo maior quando deixo existir, para um personagem, uma energia que normalmente eu bloqueio no meu dia a dia. Por isso que a arte é um trabalho de mergulho interno e autoconhecimento intenso. Nossos outros lados não passam batido. Meus exemplos são aqueles artistas que você quase não reconhece que são eles de tão diferentes que estão em cada história, Christian Bale é um ótimo exemplo. Deixo aqui meu desejo por mudar cada vez mais. Pode cortar, pintar de rosa, alongar, raspar, figurinos diferenciados. Eu quero deixar viver esses aspectos!

Você é bem ativa em projetos independentes. Me conta um pouco mais.

Recentemente vi um vídeo do Jason Alexander falando que ninguém pode te impedir de atuar. Se você quer mesmo atuar, você pode ir pra praça declamar Shakespeare, juntar amigos e fazer um curta, tem gente até fazendo filme de celular… agora pra ser famoso não existe receita do bolo. Gosto de pensar que entendi isso há algum tempo. Logo na pandemia produzi e atuei meu primeiro curta “Plantando Retalhos” que chegou a concorrer no Pupila Film Festival e no Festival de Cinema de Carpina. Ano passado, junto com amigos talentosos, produzimos e atuamos em “Goldfish” que será lançado esse ano com falas em inglês e português. Com projetos em andamento pro teatro com Arlindo Lopes e sempre pensando em possibilidades de criar as histórias que quero contar, tenho me dedicada a entender e estudar mais sobre roteiro e direção também. Acredito no artista que se produz e coloca as suas histórias no mundo. Não devemos esperar que ninguém nos empregue, se isso acontecer maravilha. Os tempos são outros e temos muito mais liberdade de ter nossa própria audiência.

A moda está muito presente em sua vida, conta um pouco sobre a sua relação com ela. Até pouco tempo atrás a moda entrava numa barreira muito desafiadora pra mim. Como deixar existir essa vontade de me expressar através dela, pensando ainda com consciência e sustentabilidade. Ainda sem uma atitude perfeita tenho chegado nas minhas conclusões. Com incentivo ao mercado local, as marcas e aos estilistas brasileiros e não menos importantes, as peças de brechó, me vejo conhecendo mais meu gosto e me abrindo pra mais possibilidades. Vendo a moda como arte e mais: como forma de seguir meu gosto e não só a opiniãodos outros. Um desafio pra alguém que entendeu na terapia que sempre quer agradar. (risos) Thai de Melo tem um vídeo que ela fala o seguinte “Se eu não tiver coragem pra usar uma peça de roupa, quando eu tiver que ter coragem pra coisas mais sérias na minha vida, eu vou tirar de onde?” Acho genial o que ela disse e tento me lembrar disso apesar de ser bem mais fácil na teoria do que na prática. Gosto de encontrar esse equilíbrio no desejo e na minha grande vontade de contribuir pra uma valorização do que é nosso e do que é mais consciente. Existe muitas atitudes para se tomar do que só trocar de roupa. É preciso mudar a nossa cabeça e nossa indústria. Eu faço parte disso também. Estou no caminho. Já tive uma coleção cápsula com minha irmã Lohana Bratilieri que também tem sua ligação com o mundo verde chamada “Quero ser FRÖ” em que toda cadeia produtiva da peça e a própria peça eram estudadas pra gerar o menor impacto possível na natureza, respeitando corpos e a mão de obra de quem faz. Há pouco estive em Collab com a Florent, uma marca brasileira de Minas Gerais, totalmente consciente e diferenciada. Brechós com amigas para vender as roupas que serão bem mais aproveitadas por outra pessoa. E essa parte é difícil pra mim, adoro acumular roupas então é sempre um processo diário de desapego e consciência.

Você tem um projeto de sustentabilidade com sua irmã, chamado Comecei por mim. Me fala mais sobre isso. Estava gravando Malhação e comecei a ver projetos sendo aprovados no Rio e em São Paulo proibindo o uso de canudo plástico. Na mesma época a Globo começou a entregar copos dobráveis no lugar dos copos plásticos nos estúdios e eu pensei: “Tanta coisa pra resolver na vida das pessoas, que diferença um ou outro plástico vai fazer no mundo se a gente continua usando?” Se aprofundar pra entender verdadeiramente sobre um assunto faz a nossa visão de mundo ampliar. Sentei pra conversar sobre isso com minha irmã, ela que na época estava fazendo Engenharia Ambiental, e entendemos, ainda na teoria, como era importante o impacto que estávamos causando no mundo. Eu sempre falo, é se informando se a gente decidi pra qual caminho quer seguir. E foi o que eu comecei a fazer. De lá pra cá, decidimos criar o “Comecei por Mim”, um projeto socioambiental visando contar nossas novas experiências com as tentativas de hábitos mais conscientes. Diminuindo o consumo de plástico, compostando em casa, usando o coletor menstrual, entre muitos outros. O projeto tomou uma proporção maior do imaginávamos e muita gente se sentiu inspirado pra começar. Foi lindo! Começaram os convites para palestrar. E as mais marcantes pra mim foram, na Rio2C, maior evento de criatividade da América Latina, e pra JA World Wide da América do Sul, pra mais de 30 mil jovens falando sobre sustentabilidade e empreendimento sustentável. Depois de ter estudado muito sobre isso, é como se eu tivesse colocado uma lente pra perceber o mundo com mais consciência. Eu até falo: “posso até pegar uma sacola plástica no mercado porque comprei coisas que não consigo levar e não estou com a minha sacola retornável, mas sei naquele mês quantas sacolas eu usei.”

Vi você falando no seu Instagram sobre começar o ano diferente. Me fala sobre esse processo. Fiquei sabendo onde eu passaria o ano novo de 2022 para 2023, uma casa no meio do nada, longe de festa, longe de fogos. Na virada de ano, acendi uma fogueira, escrevi minhas metas e principalmente o que não queria e decidi que teria um ano diferente dos anteriores. Acho que mais do que inspiração é a consistência em querer fazer algo. Comecei com uma mudança de hábitos profunda e com um objetivo claro de levar isso pro ano inteiro. Exercício físico. Acordar cedo. Dormirmelhor. Ler 10/15 páginas todos os dias.Estudar. Já estouno meu quarto livro do ano e fazendo desse ano o melhor ano de desenvolvimento e aprendizado na minha vida. Você sempre fala em seu Instagram sobre autoconhecimento, qual a importância dele pra você? Basicamente, não só uma pessoa pública, mas principalmente ela, vai passar pelo momento de ver as outras pessoas determinando quem ela é. Sinto que aconteceu comigo e me deixei levar um pouco por isso. Você precisa muito saber quem é, pra não cair nessa armadilha. E é só escutando o âmago da nossa alma que a passa a entender os nossos lados para além dos estereótipos que criam de nós. Acho que é uma busca diária por nós e pela nossa fé.

Sobre os projetos futuros. Alguma coisa que possa adiantar?

Posso adiantar que tem projetos muito interessantes vindo aí e que o público vai, sim, poder me ver muito esse ano. Principalmente

Fotos: Anthony Garcia

Beleza: Rachel Furman

Ass. Imprensa: Dany Tavares Comunicação

Editor Chefe: Antonnio Italiano