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#prayforamazônia | O buraco é mais em baixo, precisamos falar sobre consciência alimentar!

Colunista VAM – Gastrônoma: Bárbara Darwiche



A notícia sobre o aumento das queimadas e de toda a devastação da Amazônia chocou o mundo nas últimas semanas. Mas sempre quando uma notícia se propaga dessa maneira aparecem muitas informações distorcidas, fake news e uma manipulação para que a gente se confunda e perca o foco do real problema, junto com suas causas e possíveis soluções.



O que acontece é que a grande maioria da população não entende qual é a sua responsabilidade e culpa diante dessa situação. E esse assunto é muito mais complexo do que discussão sobre governo passado e atual, e apesar deles terem sua parcela de culpa, não são os maiores responsáveis. A nossa população mundial aumenta a cada ano, com isso, também aumenta a demanda de alimentos para suprir as necessidades básicas. Alimentos que muitas vezes mantém um padrão histórico-cultural desde a pré-história em nossa rotina alimentar, e passam a se tornar um gigante prestes a nos engolir. E é exatamente isso que está acontecendo na Amazônia, onde grande parte da responsabilidade das queimadas é culpa das pessoas que consomem carnes e laticínios diariamente, um hábito herdado dos nossos antepassados.



O problema começa quando não questionamos ou revisamos os nossos hábitos alimentares, apenas vamos replicando o que nos foi ensinado pelos nossos antepassados sem saber quais os impactos que a nossa alimentação traz, pois ela está ligada diretamente na nossa sociedade, economia e meio ambiente. Você já parou para se questionar o que implica na economia, saúde e bem estar de uma população a sua alimentação? Ela diz muito sobre como melhoramos ou pioramos essas situações.



Por isso os maiores responsáveis somos nós que comemos carne e laticínios todos os dias sem saber no que isso implica. O que está acontecendo é que os territórios para pastagem e criação de gado estão acabando, e devido a grande e crescente demanda, eles começam a migrar para outros locais, como a nossa floresta Amazônica. E apesar do Brasil ser o maior exportador de carnes do mundo, apenas 30% é destinado para essa finalidade, os outros 70% ficam para consumo interno. Logo, se há demanda há possibilidade melhorar a economia do setor, e consequentemente do país, por mais que isso acabe com o meio ambiente, é uma opção “rápida” para recuperar a economia do país, mas que pode nos custar muito em longo prazo.



Nós precisamos entender que mesmo para devastar a Amazônia esses grandes latifundiários precisam gastar dinheiro, e se eles injetam dinheiro é porque terão a garantia do retorno, e o retorno está nos açougues e mercados em forma de bife, queijo, manteiga que nós compramos. Fica fácil de entender que eles só desmatam porque tem quem compre? É a mesma coisa da droga, sempre vai existir traficante enquanto tiverem pessoas consumindo. Então, por mais que o governo tenha sua parcela de culpa, ele não é o maior vilão.


Por que o que aconteceria se amanhã fosse proibido o consumo de carne no país? Passaria a ter trafico de carne porque a população não está educada para compreender essa relação entre consumo de carne x saúde x meio ambiente x economia. E por isso é tão importante lutarmos para criar consciência alimentar. A partir do momento em que a gente passa a compreender o que a alface e o bife ajudam ou prejudicam todo esse macro ambiente, passamos a rever alimentação e conceitos, e formamos uma sociedade mais justa. Tiramos a força dessas pouquíssimas empresas milionárias que controlam nossa alimentação e passamos a dar oportunidades ao micro produtor, para que ele possa ter uma forma digna de trabalho.


Se para você é difícil deixar de comer carne, apenas reduza, mas dê o primeiro passo! Médicos já indicam que não se deve comer carne vermelha todos os dias por ser um agente inflamatório no nosso organismo. As pesquisas estão ai para nos informar e nos auxiliar a tomarmos as melhores decisões para nós, mas vá ao seu tempo, se respeite mas também respeite esse planeta que nos foi ofertado par que cuidássemos.



Existem pessoas que conseguem parar de um dia para o outro, tem pessoas que reduzem, tem pessoas que não comem nenhum produto de origem animal e está tudo bem com todos, desde que você avalie e repense sobre a sua alimentação. Desde que você passe a criar essa consciência alimentar de que sua alimentação interfere diretamente na sua saúde, na economia do país, na sociedade e no nosso bem estar individual e coletivo.


Portanto, repense, reavalie suas ações para que possamos de uma forma justa e madura transformar cada vez mais a nossa realidade.



Indicações para se informar sobre esse assunto:


Documentário: Cowspiracy – Netflix (patrocinado pelo Leonardo di Caprio)


Livro: História das Agriculturas no Mundo (Mazoyer & Roudart)

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