A escritora Mirian Carter, ex-A Grande Conquista, lançou um livro infantil baseado em sua própria vida na última Bienal, que aconteceu no Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. "Mirna e sua Boneca de Milho" conta a história de uma garotinha muito humilde, simples e tímida, que vivia na roça com seus pais e suas irmãs.
Mirian quer mostrar que, apesar da personagem nunca ter ganhado um brinquedo sequer, ela era feliz.
"Eu tinha esse projeto da história da minha infância há muito tempo em minha mente. Eu achava muito incrível como eu conseguia, quando criança, sonhar de uma forma tão real mesmo diante daquela época em que tinha escassez financeira, onde eu digo que para mim e para minhas irmãs, chinelo era luxo, imagina sapato. Eu peguei essa história, onde eu cresci sem ter acesso aos brinquedos e eu resolvi transformar de uma outra forma e deixar um legado para os meus netos no futuro quando eu tiver. Vejo hoje que as crianças vão crescendo querendo cada vez mais tecnologias e ficando viciadas em computador", disse Mirian, que acrescentou:
"Basicamente o livro aborda o oposto, que é uma criança que não tinha nada, mas que era extremamente feliz, a natureza para ela era um encanto, os animais eram os melhores amigos, ela conversava com os animais, os banhos eram tomados no rio. O que mais de lindo se pode ver numa historinha dessa, tão pura e inocente, os céus estrelados, era o dia de cinema, a lua cheia. Então, eu quis mostrar para as crianças que existe um outro lado da vida, que é esse lado mágico da natureza. Eu queria muito hoje que os pais fizessem retiros com seus filhos, que a música fosse o canto dos grilos e mostrasse para eles que respeitar os animais é importante".
Sua conexão com os animais é tão forte, que Mirian contou que sofre diariamente ao comer carne.
"Hoje eu tenho uma luta comigo mesma que é não comer carne, mas não porque eu acho que é errado, mas porque os animais foram tão meus amigos que quando eu estou comendo uma carne eu lembro deles. Eu como, mas me sinto uma traidora", disse.
Segundo a escritora, o mais importante desse livro foi deixar esse lado encantador que uma criança não tinha acesso a nenhum brinquedo ou tecnologia, mas criou um mundo mágico.
"Foi um dos melhores momentos da minha vida ter crescido na roça, que meu pai não era o dono, mas sim o boiadeiro. Existia vida, paz, uma alegria tão grande no meu coração e eu acabei resolvendo passar tudo isso para o papel. Espero que as crianças vejam essa história como um aprendizado".
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