É muito comum nos depararmos com homens inseguros, frustrados e com dificuldades em lidar com suas próprias fraquezas, porque um dia acreditaram nos estereótipos e regras inventadas por uma sociedade opressora que criou paradigmas para a masculinidade. Paradigmas que são instrumentalizadas por meio de frases como: “Homem não chora”; “Homem que é homem não faz isso”; “Chama um homem que ele coloca ordem aqui”, “Comece a agir como homem”....
Cobra-se um comportamento do menino que cresceu entendendo que demonstrar os seus sentimentos é sinal de fraqueza. De forma natural, ele coloca-se no lugar que acreditou sempre ser dele: o lugar da razão. Enquanto a menina desempenha o papel frágil da emoção. A ela é permitido chorar, demonstrar sensibilidade, pois foi pré-estabelecido que o gênero feminino, diferente do gênero oposto, não precisa suprimir os sentimentos. Com segurança, a menina aprende, desde cedo, que são inerentes a ela características emocionais como: ser mais gentil, dedicada, emotiva e compreensiva. Enquanto, a masculinidade se dá por meio de comportamentos mais competitivos, agressivos, racionais e independentes.
Existe, na verdade, um senso comum que pactua e propaga essas distinções entre os gêneros. Demonstrando que a masculinidade só se fortalece quando aprende, de forma genuína, a agir conforme o estabelecido socialmente. Temos, portanto aqui, os rótulos de uma sociedade que não permite que sejamos diferentes. Não permite que possamos desempenhar nossa individualização de sentimentos em toda sua essência.
E quem disse que homem não pode chorar? Quem disse que ele não sofre? Não pode sofrer? Quem disse que não pode ter sensibilidade? Essas fartas restrições à liberdade de expressão de sentimentos e emoções, certamente, tem um preço alto a se pagar. Elas causam sofrimento, geram estresse e podem levar até a diagnósticos como ansiedade, fobias sociais e dificuldades em se relacionarem afetivamente. A cobrança por uma masculinidade expressiva, onde fraquejar não é permitido e tem que ser bom em tudo, faz com que transtornos psíquicos severos sejam desenvolvidos, por conta de uma rigidez absurda.
Controlar as emoções e desenvolver habilidades estratégicas na quebra destes paradigmas, sem dúvida, é a chave do sucesso para que o homem consiga se libertar da pressão para ocultar o que sente. Infelizmente, temos ainda muitos relatos de homens que se sentem fracassados ao tentar expressar suas emoções. A sociedade machista e cruel não perdoa. Rotula e não trata com sensibilidade. Não conseguem conceber que todos ainda sofremos com repressões ultrapassadas. Sentimentos que florescem quando nos colocamos no lugar do outro, como respeito, empatia e amor, nos fazem perceber que o sentir é universal. Chorar, rir e gritar, fazem parte de uma predisposição biológica natural. Nossas personalidades e atitudes não podem ser condicionadas pelo social, determinadas por estereótipos de gênero. Devem corresponder aos nossos mais genuínos sentimentos e vontades.
A masculinidade nada tem a ver com a sensibilidade. Um homem não deixa de ser o que é por ser mais ou menos sensível. Chamamos essas classificações equivocadas, de masculinidade tóxica, na qual a virilidade, a agressividade, a força e o poder ditam as regras. É também um preconceito velado contra os homens. Uma imposição social absurda que oprime o ser humano. Sim, antes de sermos homens e mulheres, somos humanos. Sentimos dor, alegria, felicidade, tristeza, raiva, inveja e saudade. E que bom que sentimos! Porém, sentir e não poder expressar é como um vulcão, a ponto de explodir e entrar em erupção, prestes a espalhar a lava emocional acumulada por anos dentro do peito.
O que muitos consideram fragilidade é na verdade sensibilidade. Qualidade que é capaz de colaborar nas influências humanas que se tenta propagar na atualidade, pois o mundo passa por transformações rápidas e desastrosas que precisam de mudanças imediatas e a mulher consegue transmitir a importante e dura tarefa de mudar hábitos com a clareza e a delicadeza necessária para despertar o envolvimento de cada indivíduo.
Sentir emoções, ser capaz de nomeá-las, reconhecê-las, expressá-las, elabora-las e até transformá-las é essencial para os homens, para que vivam uma vida feliz, com maturidade, capacidade real de dar e receber, de amar e ser amado e de seguir seu coração e seu caminho. Porém, nossa educação, que ainda reforça estereótipos machistas, segue desautorizando nossos meninos — e os homens que eles serão — de viver uma vida mais plena e igualitária, sem a necessidade de dominar nem ser dominado.
Diante de todo o exposto, podemos definir melhor o conceito de “Masculinidade Tóxica” que impede o indivíduo de se expressar, de sentir e de demonstrar fragilidade e vulnerabilidade. Além disso, agride com expressões preconceituosas, como: “meninos não choram”; “precisam brigar”; “futebol e roupa azul é coisa de menino”; “homens de segunda: bichinha, mariquinha...”; “como não vai querer sexo se você é homem”? Lembrando também que esse veto cultural à demonstração de sentimentos e vulnerabilidades por parte dos homens contribui para engrossar a lista de suicídios e depressão masculina, além de elevação no número de homens que não foram ao médico em busca de ajuda a tempo porque, como se sabe, é preciso que sejam fortes, homens de verdade.
Portanto, uma coisa é certa: Toda generalização é burra e perigosa, e ainda mais as que dizem sobre sexualidade ou gêneros em nossa sociedade. A ideia da mulher como “sexo frágil”, assim como a de que “homem não chora”, e que homem “de verdade” não pode ser sensível, frágil vulnerável ou emocional – tudo aquilo que o ser humano é, para além de qualquer classificação de gênero – são ideias absurdas que sustentam violências de diversos tipos. A grande questão aqui é que somos seres humanos e corre sangue nas veias. Todos podemos sentir sim, cada um vai reagir ás situações de uma forma, mas o aprendizado está em compreender que acumular emoção e sentimentos, não verbalizar, não demonstrar, tiram o brilho e a energia de qualquer indivíduo. Podem gerar sofrimentos psíquicos e fazer com que sentimentos bons sejam sucumbidos por amargura e mágoas retidas. E quando não expressadas, dificilmente serão compreendidas também, alimentando as frustrações. Não se permita ocultar emoções. Demonstre suas fragilidades e não tenha medo.
Mostre que “corre sangue nas veias”. O benefício virá através do equilíbrio emocional e da sanidade mental. Desta forma, a tendência é ter relações mais saudáveis, com mais leveza e cor.
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