Muitas mulheres ainda têm dúvidas sobre a mamografia, o que contribui para a falta de adesão ao acompanhamento médico
05 de fevereiro é o Dia Nacional da Mamografia, sendo uma data importante no calendário da saúde, sobretudo para a mulher, já que este exame é imprescindível para detectar alterações na mama e identificar o câncer.
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), 40% das brasileiras não realizam o exame há mais de três anos. O dado é preocupante, já que, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, o câncer de mama é o tipo mais incidente em mulheres de todas as regiões, após o câncer de pele não melanoma. Em 2022, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença.
Estudos da Associação Americana de Câncer mostram que, se descoberto no início, o câncer de mama tem chances de cura de até 98%. Esse índice cai para até 50% se a neoplasia estiver em um estágio mais avançado.
Daí a importância de fazer a mamografia, o exame de rastreio por imagem que tem a finalidade de estudar o tecido mamário, tendo a precisão de detectar um nódulo, mesmo que este ainda não seja palpável, e identificar lesões em estágios iniciais.
“Mesmo que a mamografia tenha sua importância comprovada para diagnósticos precoces e ajuda no combate ao câncer de mama em estados agressivos, muitas mulheres ainda têm dúvidas sobre o exame, fator que contribui para a falta de adesão ao acompanhamento médico”, afirma Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP e membro da FEBRASGO.
Para desmistificar informações sobre a mamografia, o especialista cita os principais mitos e verdades acerca do exame:
A mamografia é o principal meio de diagnosticar a doença em fases iniciais
Verdade: O exame é o método mais eficaz para identificar lesões, nódulos, assimetrias e microcalcificações, que são pequenos depósitos de cálcio alojados no interior da mama e que podem representar o início da proliferação celular do câncer.
A mamografia deve ser feita anualmente, a partir dos 40 anos
Depende: O INCA indica que a mamografia deva ser feita a cada dois anos, a partir dos 50 anos, caso não seja encontrada nenhuma alteração. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia defende que as mamografias comecem a partir dos 40 anos.
O câncer de mama é mais comum em mulheres a partir dos 50 anos. No entanto, pode atingir mulheres mais jovens. O rastreamento costuma ser iniciado a partir dos 40 anos, com a realização do exame de mamografia anual. Mas, para mulheres com histórico familiar, a mamografia pode ser realizada a partir dos 35 anos.
Mulheres sem histórico familiar da doença não precisam do exame de rotina
Mito: “Ainda que o câncer de mama não tenha acometido ninguém da família, não significa que você estará imune à doença. Grande parte das mulheres que desenvolvem o câncer de mama não apresentam histórico familiar”, alerta Carlos Moraes.
A radiação da mamografia pode fazer mal à mulher
Mito: O exame pode ser realizado normalmente, já que a radiação emitida é muito baixa, sendo insuficiente para causar danos a outros órgãos.
Quem faz autoexame diário das mamas não precisa tanto da mamografia
Mito: O autoexame tem como objetivo identificar qualquer alteração na região das mamas. Se houver, será preciso realizar a mamografia para uma avaliação detalhada.
“Entretanto, há nódulos que não são palpáveis, sendo descobertos apenas na mamografia”, pontua Carlos Moraes, que também é especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, e em Infertilidade e Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre.
As características da mama podem atrapalhar a mamografia
Verdade: Mamas gordurosas aparecem mais escuras no exame, sendo mais fáceis de identificar anormalidades. Já as mamas com muito tecido fibroglandular, cujo aspecto é mais branco e denso, criam uma dificuldade maior na detecção de um eventual câncer. Nestes casos, é preciso realizar também um ultrassom das mamas.
Prótese de silicone dificulta o exame
Depende: O silicone pode se sobrepor a lesões na mamografia, afetando os resultados. No entanto, há manobras durante o exame que permitem uma visualização quase que completa da mama, sem interferir o implante. Eventualmente, pode ser preciso aliar outros exames, como o ultrassom e até a ressonância magnética, que possibilitam uma melhor visualização.
“Vale lembrar que a mamografia deve ser realizada rotineiramente, com o objetivo de preservar a saúde da mulher. Muitas pacientes só marcam consulta quando já estão com os sintomas, correndo o risco desnecessário de não tratar a doença logo no início”, finaliza o ginecologista Carlos Moraes.
@dr.carlos_moraes
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