Idealizado por Alexei Waichenberg, empresário que foi nossa capa de julho, o 5B é um espaço de gastronomia e arte inaugurado há pouco mais de 2 meses. Instalado num edifício de traça antiga com 3 andares e uma grande esplanada, como costumam falar em Portugal, na cidade do Porto em Portugal, a casa foi idealizada para ser um Hub de Cultura. Os 5 “bês” falam exatamente disso. B de Buffet – cozinha internacional, B de Boisson – um variado cardápio de drinks artesanais, B de Beauté – espaço para beleza, B de Beaux-Arts – uma galeria de arte com exposições permanentes e temporárias e B de Bonheur – Felicidade espalhada por todo o espaço.
O último andar ainda abriga uma Sala de Concertos, que recebeu o nome de Sala Nana Caymmi, amiga pessoal do proprietário, considerada uma das maiores interpretes da música brasileira. Para acompanhar os músicos que ali se apresentam, Alexei comprou um piano austríaco, com mais de 200 anos de fabricação de meia tonelada e mandou reformá-lo com esmero e cuidado.
A jóia é mais uma obra de arte ao lado dos célebres pintores e pintoras brasileiros e outros jovens artistas que adornam as paredes. De Burle Marx à Aldemir Martins, do lisboeta Tiago Pessanha ao carioca Henrique Fischer, o 5B é uma explosão de alegria e bom gosto. Vamos entrevistar o proprietário Alexei Waichenberg:
Como surgiu a ideia de desse espaço multicultural? A ideia é antiga, mas no Brasil eu não via possibilidade de realizar. Viver de cultura no Brasil é tarefa para poucos. Aqui também não é a oitava maravilha. Mas, o Porto é uma cidade que recebe milhares de turistas do mundo interessados em arte e gastronomia, todos os dias. Nossa esplanada é uma verdadeira Babel. Minha intenção sempre foi juntar a minha experiência em quase todas as manifestações de arte. E o fundamental era não fazer isso sozinho. Por isso a ideia de Hub – um guarda-chuva que abrigue artistas competentes em seus empreendimentos pessoais. A casa está aberta para os bons. Eu só preservo o conceito. Como foi o processo de seleção e escolha da Equipe? Passa pela competência, pela determinação e perseverança, pela multiplicidade de talentos e, não vou negar, passa pela beleza. Eu costumo dizer que a casa tem que funcionar como um espetáculo teatral. O Diretor prepara, administra o conteúdo, as vezes até idealizada, mas uma vez subido o pano, a cena é do elenco. Que tipo de público você espera alcançar? Eu quero gente de bem com a vida, que consuma arte e cultura, que se emocione, se delicie com o que a nossa super equipe tem para entregar. Quero os amigos, como sempre tive em casa. Enfim, gente criativa com gana de felicidade. Afinal, um dos “bês” é de Bonheur. O que tem na programação cultural da casa? Nas artes plásticas temos uma exposição permanente com obras do meu acervo pessoal e temos exposições temporárias de jovens artistas promissores. Na música a programação é da pesada. Temos bossa e samba canção às quartas, jazz às quintas, rock e pop nas sextas, música latina no sábado e samba, pagode e chorinho nos domingos. Ainda tenho que encontrar uma brecha para saudar a música europeia e a erudita. Temos piano pra isso. Além disso temos performances de dança, circo e sapateado. Temos poesia e uma livraria de arte permanente. Tudo isso acompanhado de uma gastronomia cuidadosa, com poucas opções de tapas, mas de comer rezando. O espaço de beleza é um plus, toca na vaidade e aproxima gente que trabalha por lá mesmo de soluções rápidas para os compromissos que assumem quando saem de lá. Uma maquiagem, uma escova rápida e por aí vai. Criamos também um espaço de comunicação com um miniestúdio fotográfico e com edição. Assim temos tudo por lá. Qual o segredo do sucesso em tudo que você costuma fazer? Olha eu não diria que tudo que eu fiz foi um sucesso, mas eu mergulho fundo e admito a colaboração de quem sabe mais do que eu em determinadas áreas. Fora isso eu sempre me coloco no lugar do cliente e tento perceber o que é exequível para atendê-lo. Se tiver algum segredo é o de realizar com coragem. O que diria aos brasileiros que pretendem imigrar para Portugal? É preciso resiliência, perseverança. Apesar da facilidade do idioma, nossas culturas são bem diferentes. Vai dar certo para quem estiver disposto a aprender a lidar com o dia-a-dia com paciência. A parte boa é a segurança e um pouco da paz de espírito. Aqui o gerente do banco tira férias e fecha a agência. A vida é menos frenética e quem trabalha ganha dinheiro. Tem muita gente que não se adapta, afinal eles têm pelo menos mais 1.000 anos de ocorrências e civilização. E qual a boa dessa semana no 5B? A boa é chegar cedo tomar um fino (Choppinho) comigo na esplanada, aproveitar que tá calor. Dar uma circulada pela exposição do Tiago Pessanha, um lisboeta de 23 anos, que pra mim é o novo Chagall, pedir os bolinhos de feijoada do Luís, ou o sonho de ragú de costelinha marinada no vinho do Douro. Um petit gateau de sobremesa para os mais gulosos e aí, mais tarde, mudar para um Gin ou qualquer outro destilado e esperar o concerto da noite. Hoje tem noite latina na Sala Nana Caymmi. Ontem teve DJ na esplanada e espetáculo de dança. Amanhã tem feijoada brasileira com tudo que tem direito e Samba de Raiz na esplanada e eu piloto as panelas.
A boa é chegar e fazer amigos apaixonados por arte e que gostam de ser bem recebidos.
Fotos: Paco Jorvino
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