A Learjet, que já foi símbolo das viagens de luxo para celebridades como Frank Sinatra – está sem fôlego, e a Bombardier está fazendo uma última tentativa de revitalizar a marca.
É uma tarefa árdua, pois a demanda por aviões corporativos mudou para aeronaves maiores, mais confortáveis e de maior alcance. Isto deixou o Learjet 75 Liberty competindo em um mercado cada vez menor, com rivais mais novos a preços mais baixos.
“Está morrendo lentamente. É isso que estamos vendo”, disse Rolland Vincent, consultor de aviação. “É uma pena. É uma ótima marca.”
O avião, criado pelo inventor Bill Lear nos anos 60 com base em um caça suíço, tornou-se quase um sinônimo para aeronaves particulares de luxo, citada em músicas como “You’re So Vain”, de Carly Simon, e “Money”, de Pink Floyd.
Mas a marca foi perdendo força para novas aeronaves, como o Embraer Phenom 300 e o Pilatus Aircraft PC-24, que oferecem recursos modernos a um preço menor. As entregas do Learjet 75 caíram de 32 em 2015 para 12 no ano passado. Somente quatro foram entregues no primeiro semestre deste ano.
Para revitalizar a marca
Para reviver o avião, único modelo da marca ainda em produção, a Bombardier removeu dois assentos para dar mais espaço aos seis passageiros restantes. Ela aprimorou as habilidades de rotação e inclinação dos assentos e melhorou os conectores para dispositivos.
A empresa também retirou uma unidade de energia que mantém a eletricidade da cabine funcionando no solo, cortando o preço em cerca de US$ 4 milhões para pouco menos de US$ 10 milhões. Isto coloca seu preço um pouco acima do Phenom.
“Tudo o que fizemos agora foi posicioná-lo a partir de um preço e custo operacional exatamente como os concorrentes e com uma aeronave melhor”, disse David Coleal, presidente da Bombardier Aviation. O segmento de jatos pequenos do mercado “tornou-se totalmente sensível ao preço.”
A Bombardier já teve grandes planos para a marca, que comprou em 1990. Em 2007, a empresa lançou o Learjet 85, feito completamente de materiais compostos em vez de alumínio.
Mas o esforço ambicioso ficou atrasado, enquanto a Bombardier estava gastando dinheiro com o desenvolvimento dos jatos de passageiros da série C e o maior jato particular do mundo, o Global 7500. O fabricante deixou de produzir o 85 em 2015.
Enquanto isso, a demanda mudou para aeronaves com o alcance para atravessar oceanos e a possibilidade de as pessoas se esticarem. A cabine do Learjet 75 tem apenas 1,80m de altura, o que significa que a maioria dos adultos não consegue se levantar. O mesmo vale para outros pequenos aviões rivais.
Espera-se que as aeronaves de cabine grande representem cerca de 40% das compras de novos aviões particulares nos próximos cinco anos, de acordo com uma pesquisa da Honeywell International. Além disso, os preços das aeronaves usadas caíram após a recessão mais recente, colocando os aviões usados de maior porte na faixa de preço dos modelos menores.
Boa reputação
A Learjet ainda tem a reputação de ser um avião veloz, com manobrabilidade digna de seus antepassados aviões de caça. A Bombardier produz cerca de uma dúzia por ano e, se o avião puder sustentar esse nível, “nos sentiremos muito bem com isso”, disse Coleal. “À medida que a demanda e o desejo aumentarem, aumentaremos a produção de acordo.”
É raro, no entanto, que um avião se recupere depois que suas características foram modificadas e o preço foi reduzido, disse o consultor Rolland Vincent.
Se o Learjet morrer, será lembrado com carinho. “Ele teve uma vida longa, longa e produtiva”, disse Kenn Ricci, presidente da Flexjet, que oferece o Learjet em sua frota de propriedade fracionada. “Mas todas as coisas boas devem terminar.”
Learjet 75 no Farnaborough International Air Show| Foto: Matthew Lloyd/Bloomberg Reprodução: gazetadopovo
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